“Vós sois o SAL da terra; ora, se o SAL vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens”. (Mt 5.13 grifo meu - Bíblia Shedd)
A paz de Cristo. No conhecidíssimo sermão do monte, Jesus faz um discurso antagônico à postura de uma falsa prática religiosa da época. O rabi apresenta as bem-aventuranças, prega de uma maneira envolvente e sábia, em padrões que quebram os protocolos estabelecidos na comunidade judaica. Posso até ver, Jesus a falar e a multidão fascinada. A certa altura do sermão, Jesus faz uso de uma metáfora e compara os discípulos ao sal da terra. Sim, sal.
Para discernimos o que Jesus quis dizer, precisamos entender o papel do sal na cultura dos israelitas:
- O sal simbolizava pureza e fidelidade. No AT as alianças eram feitas com o uso do sal – 2 Cr 13.5; O sal significava um pacto incorruptível, inviolável, indissolúvel – Nm 18.19; O sal não pode ser destruído pelo fogo e simbolizava a aliança duradoura entre Deus e Israel. O próprio Deus prescreveu o sal como parte necessária dos sacrifícios – Lv 2.13;
- Até hoje, as batatas e ovos cozidos servidos no Pessach, a Páscoa Judaica, são regados com água salgada que simboliza as lágrimas derramadas pelos judeus na fuga do Egito;
- O sal era essencial, sendo o único meio de preservar alimentos, tais como a carne, o peixe, etc; O valor primário do sal não estava em seu uso como condimento, mas em sua capacidade de preservar;
- Nos dias de Jesus era bem diferente dos nossos dias, o sal tinha um alto valor mercadológico, tanto que os soldados romanos eram pagos com sal, por isso se oriunda o termo salário.
Então, quando Jesus comparou os discípulos ao sal, estava fazendo referência às características que eles deveriam possuir:
- Como cristãos e sal, devemos impedir que este mundo corrompido entre em estado de putrefação espiritual. Devemos conservar as vidas em comunhão plena com Deus, a fim de que, ao ressoar da trombeta, o maior número possível de pessoas encontre-se com Jesus nos ares;
- Como sal, cabe a nós fazer com que a vida de muitos que estão perdidos ganhe sabor, sentido e direção;
- Como sal nós não podemos retroceder, devemos anunciar as boas novas do Reino de Deus, dar bom testemunho, salgar os ambientes em que estamos inseridos como trabalho, faculdade, lar, etc e fazer a diferença como novas criaturas que somos.
Por fim, fica o alerta para que não venhamos a tornar-nos insípidos. Os depósitos de sal, ao longo do mar Morto, contêm não só o cloreto de sódio, mas uma variedade de outros minerais também. Este sal podia vir a tornar-se sem utilidade quando a chuva lavava sua salinidade, tornando-o insípido no correr dos anos. Não permitamos que, com o passar do tempo, nossa vida fique sem sal. Caso isso venha a acontecer, para nada mais prestaremos, senão para, lançados fora, sermos pisados pelos homens (Mt 5.13b).
Deus conta conosco para salgar esse mundo. Ide...
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